O terceiro conto se chama "Africa-Brasil" e fala de um estudante angolano que veio fazer mestrado no Brasil e não teve sua tese aceita pelo orientador, porque este era adepto do mito da democracial racial, já o estudante queria justamente derrubar o mito com seu trabalho.
Achei esse conto interessante por abordar um problema que está acontecendo aos montes nas universidades brasileiras e continua silenciado. Os estudantes negros que estão entrando na faculdade pela ação afirmativa quando decidem pesquisar sobre questões raciais, não encontram apoio docente e muito menos financeiro para desenvolver uma pesquisa. São totalmente massacrados pelo racismo academicista que não tem outra finalidade senão manter o status quo racial entre brancos e negros.
E nessa rede de barrar os estudos raciais nas universidades, o CNPQ tem um papel primordial. A partir de seu formalismo criterista para o acesso às bolsas de iniciação científica, torna praticamente impossível a formação de negros pesquisores, até mesmo nas Bolsas PIBIC-AF. Isso porque o professor orientador, além de possuir doutorado, precisa ter desenvolvido pesquisa na linha da pesquisa que quer orientar. Ou seja, se Mariazinha quer estudar a influência do racismo na legislação brasileira, seu orientador teria que ter estudado algo semelhante nos ultimos anos.
Como os professores negros são 0.7% no quadro docente das universidades brasileiras, fica fácil perceber como esses requisitos foram minunciosamente pensados para excluir totalmente estudantes negros de qualquer seleção de bolsa de pesquisa académica.
Parabéns, Cláudia Walleska. Seu conto atingiu um ponto que poucos escritores conseguem, que é justamente quebrar o silêncio sobre um assunto e suscitar um debate pioneiro a partir dele.
Olá Najla, tudo bem? Fiquei muito feliz pela sua critica ao meu conto, é muito bom ter feedback do que escrevemos. Muito obrigada.
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