É, eu sei que está ficando chato, mas não é culpa minha...
Os autores do Cadernos Negros 34 devem ter combinado que o tema da antologia seria "Flagelo" ou 3P "Pau no Povo Preto" e esqueceram de nos contar.
Esse conto é sobre uma funcionária negra de uma empresa que pensa estar preste a receber promoção, mas o presidente da empresa NEGRO pediu que ela "o ajudasse", ou seja, que ela abandonasse sua negritude para trabalhar ali. Então o presidente negro "puxa o tapete" da funcionária negra e ela "aprende a voar". Argh!
Ao invés de criticar o fato de apenas 3.5% das empresas serem chefiadas por negros, a autora decidiu evidenciar as consequências psicológicas do racismo (é, também), jogando a responsabilidade para os negros e sem deixar nada pro outro lado. Qual o problema em colocar o dono da empresa como um branco, o que aliás é a realidade de 97% das empresas e 100% das multinacionais?
Explorando as belezas e diversidades da Literatura afro-brasileira, com dicas de livros, opiniões e divulgação de eventos literários.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Ei, Ardoca! - Conceição Evaristo
O próximo texto se chama "Ei, Ardoca" de autoria de Conceição Evaristo. Trata-se de de um homem de nome Ardoca que possui uma ligação pessoal com a estação de trem desde quando estava no útero de sua mãe até a fase adulta.
O conto é belíssimo e muito bem escrito, com certeza. Porém, devo confessar que fiquei confusa com o final da história de Ardoca, pois me surpreendeu bastante. Li uma, duas, três, quatro vezes tentando encontrar algum indício que justificasse um ato extremista no final, mas não percebi nada além de um trabalhador cansado que anda de trem desde que era um feto. A única problemática poderia ser o fato de "aos domingos, dentro de casa, no silêncio da mulher, nas vozes e brincadeiras dos filhos, ele ouvia o grito arranhado do aço espichados sobre o solo". Talvez a autora quisesse insinuar que isso o tivesse levado à loucura a ponto de cometer um suicídio. Ainda que seja, isso não ficou escuro no texto.
Eu raramente (pra não dizer 'nunca') escreveria uma história que terminasse com o suicídio do(a) protagonista negro(a). Não porque faço juízo de valor negativo em relação ao suicídio, muito pelo contrário, gosto do que disse Steve Biko em "Sobre a Morte" (Escrevo o que eu quero): "O modo como se morre, pode ser, por si mesmo, uma coisa que cria consciência política". É lógico que um suicídio num contexto político (o que o sociólogo racista e machista Durkeim chamou de "suicídio altruísta") pode ser uma forma de resistência política, como fez Frei Tito e tantos negros escravizados anônimos fizeram. Mas nessa história, eu não detectei nenhum teor político do ato, tanto porque a opressão racial nem é citada na história, apenas se diz que ele tinha a "pele negra" e nada mais. O "amém" e o "descanso eterno" no final da história produz uma ideia de resolução bastante incômoda, pois o suicídio foi tratado como solução pra algum problema que eu não entendi qual era.
Será mesmo que Ardoca queria ser assassinado?
Às vezes os escritores precisam estar atentos pra isso. Personagens não são "criados", eles se revelam. Assim que os personagens se revelam, eles possuem plena existência e suas vidas precisam ser respeitadas por quem está escrevendo suas histórias. Quando terminei de ler esse texto, pude ouvir o Ardoca gritando: "Não, Conceição, por favor, não me mate! Morrerei de saudade da minha esposa e das minhas crianças!". Acho que a autora não deu muita bola, e com sua caneta imponente passou por cima desse suplicio. O Jornal da Record do dia 27/01 mostrou um dos sobreviventes do desabamento dos prédios no Rio de Janeiro. Alexandro foi um desses sobreviventes. É muito emocionante ve-lo abraçar seus filhos depois de tudo o que passou. Os negros amam suas famílias e tentam enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo institucional. Ardoca não pensaria nas "vozes e brincadeiras dos filhos" antes de cometer esse ato extremo de tomar veneno? Definitivamente, não houve suicídio, ele foi brutalmente assassinado por Conceição Evaristo! hahaha
Alexandro aparece a partir de 9min30seg: http://www.youtube.com/watch?v=AYaSsa_8a24&feature=related
O conto é belíssimo e muito bem escrito, com certeza. Porém, devo confessar que fiquei confusa com o final da história de Ardoca, pois me surpreendeu bastante. Li uma, duas, três, quatro vezes tentando encontrar algum indício que justificasse um ato extremista no final, mas não percebi nada além de um trabalhador cansado que anda de trem desde que era um feto. A única problemática poderia ser o fato de "aos domingos, dentro de casa, no silêncio da mulher, nas vozes e brincadeiras dos filhos, ele ouvia o grito arranhado do aço espichados sobre o solo". Talvez a autora quisesse insinuar que isso o tivesse levado à loucura a ponto de cometer um suicídio. Ainda que seja, isso não ficou escuro no texto.
Eu raramente (pra não dizer 'nunca') escreveria uma história que terminasse com o suicídio do(a) protagonista negro(a). Não porque faço juízo de valor negativo em relação ao suicídio, muito pelo contrário, gosto do que disse Steve Biko em "Sobre a Morte" (Escrevo o que eu quero): "O modo como se morre, pode ser, por si mesmo, uma coisa que cria consciência política". É lógico que um suicídio num contexto político (o que o sociólogo racista e machista Durkeim chamou de "suicídio altruísta") pode ser uma forma de resistência política, como fez Frei Tito e tantos negros escravizados anônimos fizeram. Mas nessa história, eu não detectei nenhum teor político do ato, tanto porque a opressão racial nem é citada na história, apenas se diz que ele tinha a "pele negra" e nada mais. O "amém" e o "descanso eterno" no final da história produz uma ideia de resolução bastante incômoda, pois o suicídio foi tratado como solução pra algum problema que eu não entendi qual era.
Será mesmo que Ardoca queria ser assassinado?
Às vezes os escritores precisam estar atentos pra isso. Personagens não são "criados", eles se revelam. Assim que os personagens se revelam, eles possuem plena existência e suas vidas precisam ser respeitadas por quem está escrevendo suas histórias. Quando terminei de ler esse texto, pude ouvir o Ardoca gritando: "Não, Conceição, por favor, não me mate! Morrerei de saudade da minha esposa e das minhas crianças!". Acho que a autora não deu muita bola, e com sua caneta imponente passou por cima desse suplicio. O Jornal da Record do dia 27/01 mostrou um dos sobreviventes do desabamento dos prédios no Rio de Janeiro. Alexandro foi um desses sobreviventes. É muito emocionante ve-lo abraçar seus filhos depois de tudo o que passou. Os negros amam suas famílias e tentam enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo institucional. Ardoca não pensaria nas "vozes e brincadeiras dos filhos" antes de cometer esse ato extremo de tomar veneno? Definitivamente, não houve suicídio, ele foi brutalmente assassinado por Conceição Evaristo! hahaha
Alexandro aparece a partir de 9min30seg: http://www.youtube.com/watch?v=AYaSsa_8a24&feature=related
sábado, 21 de janeiro de 2012
Lumbiá - Conceição Evaristo
"Lumbiá" de Conceição Evaristo é uma história tocante de um garotinho que tinha uma gama por um presépio com a imagem do menino Jesus que foi feito no Natal.
É um conto de crítica social, que mostra a vivência de Lumbiá e a discriminação que sofre das pessoas.
Ela nos mostra de forma lírica, doce e ao mesmo tempo incisiva como as festividades de Natal também é produto da segregação na sociedade.
Logo que terminei, não pude evitar lembrar de "Pixote -Infância dos Mortos" de José Louzeiro, talvez pela semelhança no do desfecho da história e pelos personagens serem crianças marginalizadas. Poderia ter lembrado também de Capitães a Areia de Jorge Amado, mas este livro eu não concluí a leitura.
É um conto de crítica social, que mostra a vivência de Lumbiá e a discriminação que sofre das pessoas.
Ela nos mostra de forma lírica, doce e ao mesmo tempo incisiva como as festividades de Natal também é produto da segregação na sociedade.
Logo que terminei, não pude evitar lembrar de "Pixote -Infância dos Mortos" de José Louzeiro, talvez pela semelhança no do desfecho da história e pelos personagens serem crianças marginalizadas. Poderia ter lembrado também de Capitães a Areia de Jorge Amado, mas este livro eu não concluí a leitura.
ÁFRICA-BRASIL - Claudia Walleska
O terceiro conto se chama "Africa-Brasil" e fala de um estudante angolano que veio fazer mestrado no Brasil e não teve sua tese aceita pelo orientador, porque este era adepto do mito da democracial racial, já o estudante queria justamente derrubar o mito com seu trabalho.
Achei esse conto interessante por abordar um problema que está acontecendo aos montes nas universidades brasileiras e continua silenciado. Os estudantes negros que estão entrando na faculdade pela ação afirmativa quando decidem pesquisar sobre questões raciais, não encontram apoio docente e muito menos financeiro para desenvolver uma pesquisa. São totalmente massacrados pelo racismo academicista que não tem outra finalidade senão manter o status quo racial entre brancos e negros.
E nessa rede de barrar os estudos raciais nas universidades, o CNPQ tem um papel primordial. A partir de seu formalismo criterista para o acesso às bolsas de iniciação científica, torna praticamente impossível a formação de negros pesquisores, até mesmo nas Bolsas PIBIC-AF. Isso porque o professor orientador, além de possuir doutorado, precisa ter desenvolvido pesquisa na linha da pesquisa que quer orientar. Ou seja, se Mariazinha quer estudar a influência do racismo na legislação brasileira, seu orientador teria que ter estudado algo semelhante nos ultimos anos.
Como os professores negros são 0.7% no quadro docente das universidades brasileiras, fica fácil perceber como esses requisitos foram minunciosamente pensados para excluir totalmente estudantes negros de qualquer seleção de bolsa de pesquisa académica.
Parabéns, Cláudia Walleska. Seu conto atingiu um ponto que poucos escritores conseguem, que é justamente quebrar o silêncio sobre um assunto e suscitar um debate pioneiro a partir dele.
Achei esse conto interessante por abordar um problema que está acontecendo aos montes nas universidades brasileiras e continua silenciado. Os estudantes negros que estão entrando na faculdade pela ação afirmativa quando decidem pesquisar sobre questões raciais, não encontram apoio docente e muito menos financeiro para desenvolver uma pesquisa. São totalmente massacrados pelo racismo academicista que não tem outra finalidade senão manter o status quo racial entre brancos e negros.
E nessa rede de barrar os estudos raciais nas universidades, o CNPQ tem um papel primordial. A partir de seu formalismo criterista para o acesso às bolsas de iniciação científica, torna praticamente impossível a formação de negros pesquisores, até mesmo nas Bolsas PIBIC-AF. Isso porque o professor orientador, além de possuir doutorado, precisa ter desenvolvido pesquisa na linha da pesquisa que quer orientar. Ou seja, se Mariazinha quer estudar a influência do racismo na legislação brasileira, seu orientador teria que ter estudado algo semelhante nos ultimos anos.
Como os professores negros são 0.7% no quadro docente das universidades brasileiras, fica fácil perceber como esses requisitos foram minunciosamente pensados para excluir totalmente estudantes negros de qualquer seleção de bolsa de pesquisa académica.
Parabéns, Cláudia Walleska. Seu conto atingiu um ponto que poucos escritores conseguem, que é justamente quebrar o silêncio sobre um assunto e suscitar um debate pioneiro a partir dele.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Terminei de ler Cadernos Negros 34, lançado em dezembro do ano passado. Foram momentos de muita reflexão, alegria, angústia. Os textos proporcionam as mais variadas emoções, cada um do seu modo e com suas particularidades. Não é à-toa que essa antologia é publicada desde 1978. Já é patrimônio imaterial do Brasil, ainda que não reconhecido por uma elite que diz nem sequer existir Literatura Negra. Porém, quando na História Brasileira a cultura negra foi voluntariamente prestigiada? Todas os aspectos da cultura negra como religiosidade, musicalidade, expressões corporais, linguagem foram renegadas, inferiorizadas e perseguidas, com a literatura não poderia ser diferente.
Os Cadernos Negros é o palco da expressividade literária onde a negritude é o personagem principal. E que continuem assim por anos e anos. A capa ficou simplesmente maravilhosa, parabéns ao Edson Ikê, parabéns a editora Quilombhoje, a Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa, parabéns para todos os escritores e para todas as escritoras participantes. O Cadernos Negros foi dedicado a Abdias Nascimento e José Luanga Barbosa. Linda homenagem.
Compartilharei as minhas impressões, dúvidas, elogios em relação a cada um dos contos publicados nessa coletânea. Já adianto que são apenas comentários informais, sem pretensão alguma de ser uma crítica literária séria, darei minha opinião como LEITORA e nada mais. Então para eu não precisar repetir "na minha singela opinião" várias vezes, digo apenas uma vez e que fique registrado. Quem concordar com as opiniões, ótimo, e quem discordar, melhor ainda! Afinal, a diversidade é positiva, e todos tem assegurado seu direito de liberdade de expressão, contanto que não desrespeite os direitos das outras pessoas.
Então vou começar com o primeiro conto "Adversário Íntimo" de autoria de Ademiro Alves (Sacolinha).
Primeiramente, eu identico duas finalidades do Cadernos Negros: valorização da negritude e crítica social.
O conto tem um propósito muito interessante que é alertar militantes negros para as armadilhas da inveja e das picuinhas. No entanto, não vejo essa coletânea como a mais adequada para fazer esse tipo de "puxão-de-orelha", porque com certeza existem temas mais urgentes, belos e emocionantes para serem tratados. Esse conto funcionaria se Cadernos Negros fosse disseminado apenas entre esses militantes. Sabemos que negros não-militantes leem, brancos leem, universitários leem e até racistas leem essa coletânia. Tanto porque, é livro indicado pro vestibular da UFBA e da UNEB, não exatamente essa edição recente, mas o fato de haver uma edição indicada, impulsionará os vestibulandos a lerem outras edições. A última frase do conto é: "Naquele dia, ele percebeu com quem tinha que lutar". O fato é que essa luta já temos desde que nascemos, todo dia tentamos (ou deveríamos tentar) nos tornar pessoas melhores, eliminar, ou no mínimo atenuar nossos defeitos, isso é a missão de todos os seres humanos do Planeta Terra! Nós, negros e negras além dessa luta contra nós mesmos, temos uma luta anti-racista global pra travar e isso é o que nos diferencia do restante da sociedade. No mais, somos iguais a todo o resto, inclusive na propensão à inveja. Creio que o Cadernos Negros tem que valorizar, enaltecer, alertar a nossa beleza cultural, física, e até mesmo moral, por que não, pois como dizia Sartre, a poesia negra é a mais revolucionária que existe.
É lógico que negros e negras tem defeitos como qualquer ser humano, e que na militância negra esses defeitos humanos podem transparecer, mas não é nada que mereça tanta preocupação assim, pois não temos mais defeitos que os outros, somos apenas humanos normais. Para quem não é envolvido com política, terá uma visão equivocada do Movimento Negro após ler esse conto, sem contar o tom machista dos dois personagens. Aliás, naturalizar o machismo é tão cruel quanto naturalizar o racismo.
Gostaria de ler um conto com outro temática desse mesmo autor no Cadernos Negros 35 que com certeza virá. Um tema que encha nossos olhos de orgulho e nosso coração de alegria, com a certeza de que roupa suja se lava em casa.
Na Ponta da Língua -Adilson Augusto
O segundo conto da coletânea é "Na Ponta da Língua" de autoria de Adilson Augusto.
Trata-se de um torcedor são-paulino que durante o jogo se surpreende proferindo um insulto racista contra um jogador negro.
As últimas linhas do conto: "Foram minutos de reflexão que não deveria esquecer, a noção de que o racismo estava em mim, num momento de pura euforia."
É a mesma linha do conto do Sacolinha, esse tipo de abordagem não ajuda, não sei no que isso contribui para valorização da raça negra. Para 99% da população brasileira, os negros podem ser "racistas", ou seja, a maioria das pessoas não tem oportunidade ou não se interessa em pesquisar o conceito de racismo, suas interfaces e dinâmica. Já ouvi "n" vezes que "Fulano é racista, não gosta de negro" ou "Fulano é racista, tem vergonha da propria cor" se referindo a uma pessoa negra. Sabemos que não existe "negro racista", o racismo é um conceito que tem no seu escopo a hegemonia, é uma estrutura sistêmica, como definiu Carlos Moore, e o negro que porventura não tenha apreço por pessoas brancas ou que tem vergonha de sua cor é apenas vítima das consequências do racismo. O racismo não se confunde com consequência do racismo. Infelizmente nem todas as pessoas tem essa mentalidade, é por isso que volta e meia alguém diz que "Pelé era racista por não reconhecer a filha negra".
Essa abordagem superficial da consequência psicológica do racismo nas pessoas negras não ajuda a conscientizar, é uma abordagem perigosa que pode virar uma arma diabólica na mão dos racistas. Triste, o conto só mostrou negros com comportamentos racistas sem explicar a razão, a origem dessas atitudes. É complexo demais para deixar a conclusão a critério de quem ler. Tem que explicar ou no mínimo insinuar. Por mais óbvio que seja, tem que explicar sim, deixar tudo às escuras. Tenho pena da criança ou do adolescente ingenuo que ler isso, seja negro ou branco. Se for branco, sairá dizendo que "os próprios negros são racistas", e se for negro sairá dizendo que "o racismo é culpa nossa".
Trata-se de um torcedor são-paulino que durante o jogo se surpreende proferindo um insulto racista contra um jogador negro.
As últimas linhas do conto: "Foram minutos de reflexão que não deveria esquecer, a noção de que o racismo estava em mim, num momento de pura euforia."
É a mesma linha do conto do Sacolinha, esse tipo de abordagem não ajuda, não sei no que isso contribui para valorização da raça negra. Para 99% da população brasileira, os negros podem ser "racistas", ou seja, a maioria das pessoas não tem oportunidade ou não se interessa em pesquisar o conceito de racismo, suas interfaces e dinâmica. Já ouvi "n" vezes que "Fulano é racista, não gosta de negro" ou "Fulano é racista, tem vergonha da propria cor" se referindo a uma pessoa negra. Sabemos que não existe "negro racista", o racismo é um conceito que tem no seu escopo a hegemonia, é uma estrutura sistêmica, como definiu Carlos Moore, e o negro que porventura não tenha apreço por pessoas brancas ou que tem vergonha de sua cor é apenas vítima das consequências do racismo. O racismo não se confunde com consequência do racismo. Infelizmente nem todas as pessoas tem essa mentalidade, é por isso que volta e meia alguém diz que "Pelé era racista por não reconhecer a filha negra".
Essa abordagem superficial da consequência psicológica do racismo nas pessoas negras não ajuda a conscientizar, é uma abordagem perigosa que pode virar uma arma diabólica na mão dos racistas. Triste, o conto só mostrou negros com comportamentos racistas sem explicar a razão, a origem dessas atitudes. É complexo demais para deixar a conclusão a critério de quem ler. Tem que explicar ou no mínimo insinuar. Por mais óbvio que seja, tem que explicar sim, deixar tudo às escuras. Tenho pena da criança ou do adolescente ingenuo que ler isso, seja negro ou branco. Se for branco, sairá dizendo que "os próprios negros são racistas", e se for negro sairá dizendo que "o racismo é culpa nossa".
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